Depois dos 35 anos, me
vi numa intensa crise de maturidade, e isto nada tinha a ver com a textura da
minha pele, embora isso também me assuste. Normalmente, a fase adulta feminina
compreende o casamento e a maternidade; mas como isto (ainda) não aconteceu na
minha vida, parece que meu cérebro ainda não entendeu que sou uma mulher
adulta. Não me é comum, por exemplo, abrir mão dos meus compromissos, da minha
comida ou de boas horas de sono em função de alguém. É uma vantagem da
solteirice, mas uma grande perda de oportunidade em aprender sobre entrega
desinteressada, coisas que só mães sabem fazer.
Ano passado pensei muito sobre isso! E fiz uma daquelas orações perigosas: “Senhor, dá-me filhos!”. Rapidamente, o Senhor me veio com uma resposta surpreendente e me presenteou com 25 filhos este ano! E já quero afirmar que minha mãe tinha razão: só aprendemos determinadas coisas quando temos filhos.
Cuido de 24 pessoas aqui no CPP, entre homens e mulheres de 17 a 38 anos. Uma loucura! Comecei, tragicamente, a reconhecer pequenas rugas no meu rosto, alguns quilos a mais e muitos pensamentos que eu não tinha antes. O curso tem duração de 9 meses (coincidência??) e tenho experimentado as verdades sobre a beleza e o drama da maternidade. Passo noites em claro, já levei gente para o médico de madrugada, saio com listas de compras, encorajo e dou (muitas) broncas. Aliás, nunca imaginei que me parecia tanto com a minha mãe!!! Quem imaginaria que eu seria capaz de ameaçar jogar fora um par de meias que estiveram jogados na lavanderia por dias e faria exatamente conforme o prometido? Ou então que fiscalizaria quantos dias as roupas ficaram estiradas no varal, ao mesmo tempo que estendia as toalhas de banho que eu já havia implorado para serem postas no sol?
E o coração? Como as mães conseguem viver sem enfartar uma vez por dia??? Minhas emoções tornaram-se uma bela salada de frutas, onde a ira conversa com a misericórdia enquanto a tristeza abraça a alegria. Sempre! E os 24 ganharam completamente meu coração. Talvez nem tenham percebido ainda o quanto cada um deles tem me esculpido uma “alegre mãe de filhos” em parceria com Deus.
Diariamente, sou alimentada pelo Senhor com a graça de cuidar, ainda que eu não consiga medir a abrangência dessa responsabilidade. Cada um deles ocupa meus pensamentos e minhas orações, ao mesmo tempo em que me fazem completamente mais dependente do Espírito Santo, pois Ele é o único capaz de controlar e mudar as pessoas. Tenho provado da alegria de acompanhar o aprendizado de cada um, os passos e a maneira como cada uma destas pessoas tem desenvolvido seu relacionamento com Deus. E uma lição já aprendi: mães sempre perdem para ganhar. Perdem suas vidas para ganhar a vida de outro, ainda que nunca tenha um “obrigado” no final do dia.
E este tem sido meu maior desafio: aprender a dar minha vida por outra pessoa sem a preocupação de ser reconhecida. Jesus fez isso. Em três anos de intenso ministério, Jesus não teve crise de identidade pelo fato de ninguém saber quanta glória Ele tinha deixado para se tornar homem. Ele simplesmente sabia quem era, sabia o que o Pai pensava a respeito Dele. E tenho acreditado ser bem esta a graça que Deus derrama sobre as mães. Tenho certeza que este tem sido meu maior aprendizado este ano. Se terei filhos naturais ainda não sei, mas “do coração” já tenho alguns e estou muito feliz!
SERVIÇO, MINISTÉRIO DA PALAVRA E ESPIRITUALIDADE
Tenho sido bastante
desafiada, nestes últimos meses, no ministério da Palavra. Creio que nunca
havia levado a sério a possibilidade de ser uma “pregadora”, mas as aulas aqui
no CPP e algumas participações em pequenos eventos tem me mostrado que não
apenas gosto de dar aulas, mas que amo compartilhar a Palavra de Deus. Fiquei
muito feliz em estar com os irmãos da Vineyard Bauru em julho falando sobre meu
missionário favorito – “Jesus, a Missão de Deus no Mundo” - e em receber os adolescentes da Igreja de
Jundiaí aqui mesmo no CPP, onde pude compartilhar sobre “Jesus, O Único Amigo
que Conhece Meu Coração Profundamente”.
Descobri que amo ler, pensar, falar, escrever e cantar sobre a vida de Jesus, o Verbo Encarnado. E tenho buscado conhecer uma literatura cristã mais “antiga”, relatos de homens e mulheres totalmente entregues para conhecer a Deus em sua vida diária. Escritos de Santo Agostinho, Madame Guyon, Tereza de Ávila, Andrew Murray, e alguns mais contemporâneos como A. W. Tozer, Henri Nouwen e Richard Foster tem feito parte de minhas leituras e estou maravilhada com tantos relatos expressivos sobre como encontraram a pessoalidade de Cristo. Ao ler os Evangelhos – foco de meus devocionais neste semestre todo – tenho buscado a prática da chamada Lectio Divina, que abrange a leitura da Palavra, oração, meditação no texto bíblico e contemplação dos atributos de Deus e de Suas afeições, que muitas vezes não encontramos numa leitura mais rápida da Bíblia. E tem sido maravilhoso encontrar pessoalmente o Cristo Vivo na Palavra Viva diariamente. Jesus aquece meu coração, me traz ‘frio na barriga’, gera em mim uma alegria inexplicável e uma paz muito duradoura todas as vezes que os olhos do meu coração estão abertos para encontrar com os olhos Dele.
E acredito que este será meu desafio nos próximos meses: aprender a encontrá-lo diariamente – de verdade – e ensinar as pessoas a encontrá-lo também. Sim, eu sei que é real! Quando leio, por exemplo, o relato de Jesus encontrando Maria Madalena no domingo da ressurreição (João 20.11-18) sei que as Escrituras não me mostram somente isto, mas revelam a profundidade do sorriso do ‘jardineiro’ e a emoção do olhar de Maria ou reconhecer seu ‘Raboni’. Isso me encharca de vida! Sinto-me recebendo toda a água da vida que as Escrituras trazem e refresco-me prazerosamente em cada gota desta Palavra! Consequentemente, a vida de oração tem se tornado mais simples e espontânea, pois a presença de Jesus se torna intensa e constante, encorajando-me a conversar com Ele sempre que eu desejar.
Jesus é real, amigos! É um homem glorificado habitando nos céus (Atos 1.9-11), está vivo e se relaciona conosco! Isto é maravilhoso!!! Servir a um Deus Vivo, que conversa com seu povo e envolve cada um de nós em sua história é a melhor das religiões. Meu coração se alegra imensamente com esta verdade. E isto tem feito cada um dos meus dias aqui em Monte Mor valer a pena, mesmo que eu não tenha previsão de recompensa alguma. Estou satisfeita neste Deus. Estou satisfeita nesta linda história de redenção que as Escrituras nos trazem. E estou com muitas expectativas sobre o que Ele tem feito aqui na vida de cada um de nossos alunos.
Obrigada a cada um de vocês que tem feito parte desta jornada comigo! Cada centavo de suas finanças e cada segundo de suas orações tem me abençoado e suprido minhas necessidades. Posso testemunhar a todos vocês que de nada tenho falta, pois o Senhor tem mesmo suprido cada necessidade. A beleza da vida missionária é exatamente na experiência da providência de Deus, pois cremos que Ele cuida de nossas necessidades enquanto estamos cuidando das coisas Dele.
Em 2017 já é certo que eu permanecerei aqui no CPP como monitora e professora, além de continuar atuando na Sala de Oração Convergência. Conto com as orações de vocês, pois toda a equipe será modificada e ainda não temos certeza dos futuros monitores. Terei mais um ano cheio de desafios na “maternidade” que me é novidade agora, além de precisar aprender todos os dias a pastorear o coração de cada um destes jovens que o Senhor nos confia durante o curso. Também precisaremos “dar um trato” em alguns alojamentos aqui da chácara, inclusive na casa que vou morar em 2017, mas confiamos que o Senhor vai nos direcionar recursos para isto, pois além de tratar de paredes mofadas (que podem prejudicar bastante a saúde) precisamos instalar forro em 5 alojamentos e colocar toldos no refeitório para reter o vento, a chuva e friagem.
Todos devem ter percebido que meu
informativo de email tem sido enviado trimestralmente. Caso queiram acompanhar
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Um grande e alegre abraço a todos!